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Foto do escritorLaio Wanderley

Técnica do Cone para Endocardite Tricúspide: a aplicação além da anomalia de Ebstein

A técnica do cone, inicialmente desenvolvida por Da Silva, tem mostrado ser uma ferramenta valiosa não apenas para esses casos específicos, mas também para outras condições, como a endocardite tricúspide.


Um exemplo notável é o caso publicado no CTSnet pelo cirurgião Iraniano Ahmad Ali Amirghofran, de um paciente que desenvolveu endocardite grave da válvula tricúspide, resultando em regurgitação severa.


Assista no nosso youtube (clique no link acima) a nossa reação-análise ao vídeo da cirurgia realizada pelo professor Ahmad Ali Amirghofran


Uma das essências da técnica do cone envolve a separação dos folhetos da válvula tricúspide do anel valvar, seguida pelo deslocamento proximal e rotação desses folhetos para cobrir toda a nova área anular. Isso é especialmente útil quando o folheto septal está ausente, danificado ou deslocado, como ocorre em certos casos de endocardite tricúspide.


Imagem clássica da publicação original do professor José Pedro, demonstrando a técnica do Cone, aplicada na Anomalia de Ebstein.

Podemos notar dois passos essenciais da técnica que foram aplicadas pelo cirurgião  Ahmad Ali Amirghofran:

1) A desconexão do folheto anterior e posterior da valva tricúspide (imagem B);

2) A rotação dos folhetos (anterior e posterior no sentido horário para ser suturado na margem septal (Imagem C).


Durante a intervenção cirúrgica, constatou-se que o folheto septal da válvula tricúspide estava severamente destruído, enquanto os folhetos anterior e posterior não foram afetados. Talvez se fosse em outras mãos, muito provavelmente o paciente ganharia uma bela prótese valvar. Porém, a opção pelo reparo utilizando a técnica do cone mostrou-se uma escolha incrivelmente boa, como veremos.


Aspecto cirúrgico da valva tricúspide. Podemos notar que o folheto posterior encontra-se completamente destruído.


Inicialmente, o folheto septal foi removido e realizou-se a debridamento, preparando a área para o reparo.

Os folhetos restantes foram cuidadosamente separados de sua fixação basal, preservando o tecido anular para evitar complicações futuras.


Aspecto da valva tricúspide após a remoção do folheto septal. O círculo azul representa a área do folheto septal, enquanto que a linha verde demonstra o que restou do local após a remoção.


Os folhetos foram então rotacionados para cobrir completamente o anel anular, restabelecendo a função valvular adequada.


Um anel de anuloplastia foi utilizado para estabilizar o anel valvar tricúspide reparo (encontrava-se dilatado - 38-40 mm), garantindo uma correção duradoura.


Conforme informações colhidas do relato, seis meses após o procedimento, o paciente permaneceu completamente estável, sem evidência de estenose ou regurgitação tricúspide.


Em resumo, a técnica do cone é uma estratégia viável para o reparo da válvula tricúspide em casos de endocardite, proporcionando resultados favoráveis e duradouros. Sua aplicação vai além da anomalia de Ebstein, sendo uma opção viável em situações onde os folhetos septal e/ou posterior estão danificados ou disfuncionais.

Referências:

  1. da Silva JP, Baumgratz JF, da Fonseca L, Franchi SM, Lopes LM, Tavares GM, Soares AM, Moreira LF, Barbero-Marcial M. The cone reconstruction of the tricuspid valve in Ebstein's anomaly. The operation: early and midterm results. J Thorac Cardiovasc Surg. 2007 Jan;133(1):215-23. doi: 10.1016/j.jtcvs.2006.09.018. Epub 2006 Dec 4. PMID: 17198815.

  2. https://www.ctsnet.org/article/cone-repair-tricuspid-valve-endocarditis

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