Nova diretriz SBC de síndrome coronariana crônica: tabelas e reflexões cirúrgicas.
- Laio Wanderley
- há 1 hora
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Olá, pessoal! Saiu a nova Diretriz de Síndrome Coronariana Crônica 2025 da SBC.
Aqui trago, na verdade, uma exposição de algumas tabelas destacadas no documento, que podem ser de interesse para o cirurgião cardiovascular.
Para quem já leu a Diretriz ESC 2024, acredito que esta nova publicação não traz grandes diferenças, nem mudanças significativas. Isso faz sentido, já que, entre 2024 e 2025, não houve a publicação de estudos de grande impacto que pudessem modificar as recomendações.
Dito isso, deixo abaixo algumas tabelas e reflexões:
Notem que, apesar da importância do SYNTAX score e da sua consideração na indicação de intervenção, a diretriz da SBC o coloca com grau de recomendação IIb.
Se vocês consultarem a Diretriz ESC 2024 (clique aqui para ver a tabela), irão observar que lá a recomendação aparece como IB.
Tudo bem, existe uma diferença semântica na forma como cada documento apresenta suas frases. Mas fica a reflexão: se esse grau de recomendação fosse maior, haveria uma valorização do SYNTAX na prática clínico-cirúrgica (ou seja, descrição em laudos de cate e prontuários)?
A Tabela 22 da diretriz apresenta as características coronarianas no cateterismo que estão associadas a maior risco.
Se o SYNTAX score não for calculado, a presença desses fatores pode sugerir que a cirurgia ofereça um resultado mais favorável, especialmente em pacientes de baixo risco cirúrgico. Fica a reflexão: é melhor uma cirurgia de baixo risco ou angioplastia complexa?
As Tabelas 27 e 35 da diretriz coloquei acima lado a lado para que vocês possam notar a diferença (correta, na minha opinião) no grau de recomendação entre os tratamentos CRM vs. Angioplastia:
Angioplastia na doença multiarterial e na lesão de tronco da coronária esquerda → IIa
Cirurgia (CRM) → IA
Ou seja, a cirurgia permanece como uma indicação mais clara quando o objetivo é melhorar o prognóstico e não apenas o controle de sintomas.
A Tabela 34 e a Figura 18 da diretriz mostram os subgrupos com provável maior benefício para a cirurgia, além dos estudos que fundamentam essa recomendação.
Se você vai fazer a prova da SBCCV, vale a pena ficar atento: esses estudos costumam ser cobrados. Acho isso muito interessante, pois obriga o cirurgião a conhecer as fontes primárias das evidências que embasam a prática clínica. Dessa forma, podemos notar que de maneira geral, nada mudou nas indicações de CRM vs. Angioplastia e publicações de impacto.
A Figura 19 apresenta o fluxograma para indicação de CRM versus ATC na lesão de tronco de DAC multi. Notem que as variáveis que determinam a bifurcação do fluxo são:
Risco cirúrgico
Leito coronariano adequado
Escore SYNTAX
Frações de ejeção
Em relação ao Heart Team, fica a lembrança: se o caso for complexo ou “o bicho pegar”, é sempre salutar discutir em conjunto e compartilhar a decisão.
A Tabela 52 foca nos cuidados após a cirurgia de revascularização.Todos os pontos dessa tabela merecem uma boa reflexão, mas destaco aqui algumas recomendações que aparecem “nas entrelinhas” da ESC 2024 e que já comentamos em uma postagem prévia (leia aqui):
Dupla antiagregação nos pacientes de baixo risco de sangramento (clique aqui para ler a nossa reflexão).
Reintrodução do betabloqueador para prevenção de fibrilação atrial (IB).
Introdução precoce do bloqueador dos canais de cálcio em pacientes com enxerto radial (IB).
Encaminhar para o serviço de reabilitação cardíaca (IB) – uma medida fundamental, mas infelizmente de difícil acesso em muitas realidades.
Para finalizar, Segue acima um video realizando uma breve reflexão sobre os comentários dos amigos do Cardiopapers. Pontos de reflexão:
Avaliação da complexidade anatômica pelo SYNTAX score – diferenças e visões da ESC 2024 vs. SBC 2025.
Indicações de CRM vs. complexidade anatômica e sua prevalência.
Se você acredito que alguma tabela interessante ficou de fora das reflexões, deixa aí sua indicação nos comentários.
Referência:
Cesar LAM, Gowdak LHW, Pavanello R, Ferreira JFM, Mioto BM, Poppi NT, Mendonça CMM, et al. Diretriz de Síndrome Coronariana Crônica – 2025. 2025;00(00):00.
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