Forame Oval Patente: Quando fechar?
Atualizado: 7 de mai.
Referência: Fonte própria
O Forame Oval é um orifício localizado no septo interatrial, cuja a função é desviar parte do sangue oxigenado da mãe para o feto, já que seus pulmões não funcionam. Após o nascimento, com a queda da pressão da circulação pulmonar, ocorre seu fechamento espontâneo, em média, até o primeiro ano de vida. Entre 20 a 30% da população, essa estrutura permanece aberta, levando o nome de Forame Oval Patente (FOP), mantendo um fluxo sanguíneo do lado esquerdo para o lado direito do coração.
Na grande maioria das vezes, os pacientes portadores dessa cardiopatia são assintomáticos, sendo o diagnóstico feito por meio do ecocardiograma, como um achado adicional. Por conta dessa comunicação entre os átrios, um êmbolo aéreo ou um trombo, pode passar do lado esquerdo para o lado direito, levando a um evento cardioembólico ou hipoxemia, como: o Acidente Vascular Cerebral (AVC), enxaqueca recorrente, cianose aos esforços, Doença de Descompressão (comum em mergulhadores) e oclusão aguda de artérias em membros inferiores e pelve.
Vários trabalhos na literatura já mostram os benefícios do fechamento percutâneo do FOP nos pacientes com algum evento relacionado a embolia criptogênica (estudos RESPECT; CLOSE e REDUCE) que nada mais é que, qualquer obstrução arterial, sintomática ou não, sem uma causa aparente. Cerca de 30 a 40% dos pacientes com AVC criptogênico ou Ataque Isquêmico Transitório (AIT), são portadores de FOP, sendo mandatário a investigação com Ecocardiograma Transesofágico.
Principais estudos randomizados que avaliaram fechamento percutâneo versus terapia medicamentosa isolada.
Fonte: Referência 01
A grande dúvida é: quando fechar o FOP, em pacientes assintomáticos ou com poucos sintomas?
Nesses casos, há benefício da intervenção em comparação ao tratamento medicamentoso (uso de antiagregantes plaquetários ou anticoagulantes orais?
Baseado nisso, a European Society of Cardiology (ESC) lançou um documento orientando o manejo desses pacientes, tendo como base racional, a análise dos principais fatores de risco para embolia, tais como:
⁃ Pacientes < 55 anos
⁃ Aneurisma de Septo Interatrial
⁃ Shunt moderado a importante
⁃ FOP’s grandes
⁃ Hipermobilidade do Septo Interatrial
⁃ Presença de Valva de Eustáquio e rede de Chiari
⁃ FOP com túneis longos
⁃ Pacientes com história de Trombose Venosa Profunda, acamados, Apneia Obstrutiva do Sono, que realizam viagens longas e mergulhadores.
Algoritmo prático de tratamento para prevenção secundária de
tromboembolismo criptogênico.
Fonte: referência 01.
O tratamento medicamentoso continua sendo indicado para os pacientes com baixo risco de embolização pelo FOP, com bons resultados a longo prazo. Os anticoagulantes orais, mostraram-se mais eficientes em relação ao uso de antiagregantes plaquetários, mas com maior risco de sangramento (idosos, história de AVC prévio…).
Por fim, a conduta deve ser sempre individualizada, em especial, para os pacientes que possuem outras comorbidades, como os portadores de Fibrilação Atrial (FA), idosos frágeis, portadores de trombofilias e alguma contraindicação ao tratamento medicamentoso. Nesses casos, é recomendado o uso do score de Risco de Embolia Paradoxal (RoPE Score) para ajudar na decisão clínica.
Referência:
Pristipino C, Sievert H, D'Ascenzo F, Louis Mas J, Meier B, Scacciatella P, Hildick-Smith D, Gaita F, Toni D, Kyrle P, Thomson J, Derumeaux G, Onorato E, Sibbing D, Germonpré P, Berti S, Chessa M, Bedogni F, Dudek D, Hornung M, Zamorano J; Evidence Synthesis Team; Eapci Scientific Documents and Initiatives Committee; International Experts. European position paper on the management of patients with patent foramen ovale. General approach and left circulation thromboembolism. Eur Heart J. 2019 Oct 7;40(38):3182-3195. doi: 10.1093/eurheartj/ehy649. Erratum in: Eur Heart J. 2021 May 7;42(18):1807. PMID: 30358849.
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