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Luiz R P Cavalcanti

Mismatch após troca de valva mitral


Mismatch foi um termo inicialmente criado por Rahimtoola and Murphy há 40 anos, sendo atualmente utilizado para descrever situações quando a prótese implantada no paciente fica pequena demais em relação a superfície corporal, limitando o fluxo sanguíneo, causando uma estenose relativa.


(Valva mitral sendo implantada)


Assim como na troca de valva aórtica, a cirurgia de troca de valva mitral também pode acarretar nessa complicação.


Dizemos que há mismatch em posição mitral quando o orifício valvar efetivo (em inglês, EOA – effective orifice área) é pequeno para a superfície corporal (SC). Dividimos seu valor para a SC para obter o iEOA (valor indexado): se < 1,2cm/m² há mismatch e se for <0,9cm/m² esse mismatch é grave.


Em posição aórtica, é bem estabelecido que o mismatch valvar é deletério, diminuindo a sobrevida do paciente ao longo do tempo.


Porém em posição mitral, esse assunto ainda não está bem elucidado. A literatura é controversa e vários estudos existem mostrando que faz diferença para o paciente ter mismatch mitral, bem como também há vários tentando mostrar que não há diferença.


Em recente meta análise, publicada nesse ano na Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery (BJCVS), foi analisado se havia ou não diferença.


No final da coleta de dados, dentre 16 estudos avaliados, a amostra final foi de 10,239 pacientes; os objetivos finais da análise eram de mortalidade peri operatória, mortalidade em 10 anos, gradiente trans protético médio, PSAP e FEVE.

(Fonte:: Prothesis-Patient Mismatch Negatively Affects Outcomes After Mitral Valve Replacement: Meta-Analysis of 10,239 Patients)


O estudo é o maior até o momento sobre o assunto e traz resultados interessantes. Primeiro, foi observado que mais da metade dos pacientes já sai de sala com mismatch grave e que isso já começa a impactar na sobrevida do paciente no pós operatório imediato.


A incidência de mismatch foi de 53.7% (variando de 17.7 a 85.8%). Após análises, foi visto que tanto a mortalidade peri operatória quanto em 10 anos foi maior no grupo que ficou com mismatch, sendo o resultado estatisticamente significativo. Além disso, pacientes com mismatch mitral apresentaram maior PSAP e menor FEVE no pós operatório.


O artigo dispara um alarme para os cirurgiões cardiovasculares e cardiologistas acerca dessa entidade pouco debatida, e como resolve-la.


Pela proximidade com estruturas como a artéria circunflexa, ramos de condução e a valva aórtica, procedimentos para alargar o anel mitral são poucos e não têm bons resultados.


(Relações anatômicas da Valva Mitral)


A melhor maneira seria prevenção, analisando a relação do anel mitral do paciente com sua superfície corporal e tentando por a prótese que melhor forneça um orifício valvar efetivo para cada indivíduo.



REFERÊNCIAS:


1. Sá MPBO, Cavalcanti LRP, Rayol SC, Diniz RGS, Menezes AM, Clavel MA, Pibarot P, Lima RC. Prothesis-Patient Mismatch Negatively Affects Outcomes After Mitral Valve Replacement: Meta-Analysis of 10,239 Patients. Braz J Cardiovasc Surg 2019;34(2):203-12.


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